terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Proposições sobre o tempo

Estive pensando no quão esquecida esta a minha guitarra, ela ainda esta lá, jogada ao lado do amplificador e do pedal de efeitos, com seus trastes enferrujados e suas cordas verdes da umidade, o som deve estar horrível, daqueles que doem os ouvidos e deixam tremula a espinha.
Ela foi a primeira coisa que comprei quando passei a ter um emprego de verdade, foram seis prestações, depois veio os assessórios e as aulas de musica, eu nunca aprendi tocar ela direito, mas sempre gostei de pensar que podia.
Meus ídolos da época não são mais os mesmo. Se eu evolui musicalmente? Não sei. Só sei que quando estou bêbado e uma dessas velhas canções soa, o abdômen gela, coração dispara, aparecem lembranças de todas as partes e os olhos involuntariamente se molham. Não me pergunte se é de tristeza ou felicidade, também não sei.
Junto com minha guitarra, deve haver algumas coisas que eu já não lembro, alguns amigos que passaram, algumas decepções que eu quis esquecer, talvez alguns amores que não foram requentados, mas principalmente um sonho de vida adolescente que mais tarde eu não quis viver. Deve estar tudo lá empoeirado, junto com ela.
Eu sinto saudade,  mas eu sei que não da para voltar atrás e fingir que sempre estive com seu corpo em meu colo, as vezes o tempo passa e apaga coisas que deveriam permanecer. Mas ele sabe o que faz, o tempo.

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