Se eu fechar os meus olhos, bem firme, eu consigo me lembrar da primeira vez em que me apaixonei. Minha única dificuldade é distinguir o que foi real, e o que a minha mente maquiou com o passar do tempo. Às vezes imagino repetidas vezes como o momento poderia ser perfeito e acabo confundido minha fantasia com a realidade, que nem sempre é carregada de perfeição a ponto de ter o privilégio de ficar guardada em minhas memórias sem me servir de tortura.
Durante esses anos de vida, que não foram muitos, tive algumas desventuras dignas de serem contadas em um livro, e talvez nem tão interessantes para serem lidas, são somente historias como outras quaisquer, que envolvem amor, ilusão e um personagem principal abobalhado que acredita saber algumas coisas sobre as pessoas.
Minha vida sempre foi regida por minha arrogância. Pela evidente vontade ser superior aos demais pensantes, por acreditar sempre estar um degrau a cima, quando muitas vezes o inverso era plausível. Essa característica nos faz mostrar-nos indiferente as perdas pequenas, quando na realidade sem demonstrar sinais, seu emocional vai abaixo e você se sente inferior aos mais desprazíveis seres humanos.
Fechando os olhos eu posso ver nitidamente uma garota de pele branca e sadia, de cabelos pretos e encaracolados na altura do pescoço, de olhos cor de mel e boca rosada, que era doce, alegre e inexplicavelmente sublime. Lembro quando me apaixonei por ela, foi na pré-escola com seis anos de idade, da então ojeriza ao sexo feminino à idolatria de um ser perfeito. Foi o meu primeiro amor, que como todos os outros se perderam com o tempo e me deixaram como herança apenas a lembrança e um resquício de sentimento.
A perfeição, esse é o primeiro atributo que se nota quando se ama. Eu sei que ninguém é perfeito e com o tempo o encanto acaba, porem basta um pouco de distancia e ele volta, e a idéia de perfeição não parece mais loucura. Hoje eu acredito que Eliza, o meu amor da pré-escola, seja realmente perfeita e continue perfeita depois desses dezessete anos que não a vejo, com os mesmos olhos de inocência e sua pele delicada onde quiser que ela esteja.
O sentimento de fracasso é péssimo, mas ainda pior é o sentimento de arrependimento por não ter tentado, com Eliza eu não tentei, não sabia o que tinha de ser feito, não sabia o que era o amor, mal sabia o que era aquilo que eu sentia além da vontade de ficar perto e de guardá-la pra mim em um lugar onde ninguém mais poderia tocá-la.
A pré-escola e o primeiro ano passaram, a família dela se mudou, mal sabia que nunca mais iria ver aqueles cabelos encaracolados novamente, isso poupou o meu sentimento de perda, mas também impossibilitou agir de alguma forma. Essa é a historia do meu primeiro amor, que fechando os olhos, bem forte, eu ainda posso lembrar com detalhes o quanto a sua beleza ardia no meu peito.
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